Já escutou falar em compliance e/ou leu sobre e pareceu algo muito teórico e jurídico? Se teve essa percepção em algum momento, este texto é para você entender os impactos do compliance de maneira efetiva, na prática do trabalho dos diretores e nas rotinas desempenhadas pelos setores.
É importante compreender como o programa de compliance influencia positivamente o andamento dos processos e a tomada de decisões da alta administração para entender sua importância e iniciar as análises internas em prol da construção desse planejamento. E será isso que abordaremos a partir de agora.
Segurança para setores e profissionais
Imagine que o setor comercial recusou um negócio, decisão tomada pelo profissional de vendas ou relacionamento ao qual a conta em questão estava atribuída, se baseando em políticas empresariais. Partindo do senso comum de que o que se deve é buscar ter mais negócios, uma ação que vai no caminho contrário pode ser questionada por um superior de departamento ou mesmo pela diretoria.
Para o exemplo citamos políticas empresariais, definidas em um código de conduta ou processo de Due Dilligence, que dariam a segurança necessária para o profissional da ocasião tomar a decisão exemplificada sem receio de gerar um problema para si ou para seu superior direto junto aos membros da diretoria.
Ou seja, os riscos identificados seriam imediatamente afastados pelo profissional de atribuições operacionais assim que ele se deparasse com tais riscos, com a segurança de sua decisão e de seu setor estarem amparados pelos critérios previstos no programa de conformidade e integridade da empresa. Aliás, esse exemplo também é importante para mostrarmos como os impactos do compliance ocorrem na prática das rotinas da empresa e em diversas áreas, não sendo apenas um conjunto de teorias que diz respeito ao jurídico.
Essa segurança permeia os departamentos e ajuda profissionais a se sentirem seguros e evitarem erros e riscos em situações como:
- contratações e admissões;
- realização de pagamentos;
- fechamento de parcerias;
- atendimento a solicitações de clientes;
- atendimento a solicitações de outros profissionais e setores;
- comunicação, compartilhamento de dados e prestação de contas a colegas e superiores.
Previsibilidade para as ações da diretoria
Dois dos pilares de um programa de compliance são o mapeamento e o gerenciamento de riscos, que dão maior previsibilidade à diretoria para se adiantarem a possíveis problemas e oportunidades. Esses riscos previamente identificados e continuamente monitorados podem ser ilustrados em indicadores quantitativos e qualitativos, situações internas e externas e em demais recursos de materiais e dados acompanhados e produzidos.
Outro critério que dá previsibilidade ao corpo da diretoria são as regras internas que ele precisa seguir e demais princípios do programa que determinam o que pode ser feito e práticas que são vedadas.
Consequentemente, o corpo diretivo, maior responsável pelos rumos do negócio, consegue ser mais preciso e eficiente em ações e decisões por ter base de dados qualificada para se apoiar, não perder de vista fatores e importantes e contar com mais tempo, pela antecipação, para desenvolver estratégias inteligentes.
Pilares que geram os impactos do compliance na empresa
O primeiro pilar que citamos foi o formado pelo código de conduta e demais políticas/regramentos internos, que permitem a profissionais de partes mais baixas da hierarquia tomarem decisões com autonomia e segurança enquanto simultaneamente mantêm a prática das políticas empresariais.
Citado mais rapidamente, porém não menos importante, foi o processo de due dilligence, que também dá segurança à empresa e a seus setores na realização de negócios e parcerias.
Seguindo na apresentação de outros pilares, temos os canais de denúncia. É uma medida que possibilita a denúncia de ilegalidades e outros atos vedados e também a chegada delas ao corpo diretivo para busca de esclarecimentos, promoção de auditorias e checagem dos mecanismos de controle da empresa, que é outro alicerce do programa de compliance.
Outro ponto muito importante é o suporte da alta administração, cujo impacto se percebe na permeação da cultura de compliance por toda a empresa e no seguimento prático e diário do programa por parte de todos os setores e suas equipes. E, naturalmente, se a alta administração se envolve no planejamento e dá seu apoio não apenas teórico, a tendência é que todos os membros do corpo diretivo sigam os critérios e pilares definidos.
Quanto a treinamento e comunicação, normalmente são procedimentos ligados a questões operacionais e que precisam envolver as equipes responsáveis por esses trabalhos. Mas quando se fala em compliance precisamos destacar a importância de a diretoria também receber instruções e trabalhar a comunicação, pois ela precisa saber como se portar, passar suas mensagens, confrontar ilicitudes e quebras de protocolo do jeito certo e entrar no cenário na prática em demais momentos.
Uma assessoria especializada e resultados de auditorias internas e independentes são agentes importantes para essa instrução que a alta administração precisa receber para atuar da melhor forma em relação ao programa.
Esse destaque ao engajamento e apoio da cúpula empresarial não é feito por acaso, já que carregam muita responsabilidade junto aos resultados da empresa e são liderança para dezenas ou centenas de outros profissionais que têm de estar alinhados a planejamento, objetivos e valores dessa cúpula.
Outro fator que evidencia a importância do comprometimento dos diretores com o programa é o fato de que não é possível a eles estar a par de exatamente todas as tarefas que rodam dentro do negócio, assim como não se pode monitorar cada profissional durante o expediente. Logo, a liderança, o exemplo e a comunicação são fundamentais para evitar desvios grandes ou pequenos no dia a dia dos setores.
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